" - Falo com o senhor, ei, paladino! - insistiu Carlos Magno. - Como é que não mostra o rosto para o seu rei?
A voz saiu límpida da barbela.
- Porque não existo, sire.
- Faltava essa! - exclamou o imperador. - Agora temos na tropa até um cavaleiro que não existe! Deixe-nos ver melhor.
Agilulfo pareceu exitar um momento, depois com a mão firme e lenta ergueu a viseira. Vazio o elmo. Na armadura branca com penacho iridescente não havia ninguém.
- Ora, ora! Cada uma que se vê! - disse Carlos Magno. - E como está servindo se não existe?
- Com força de vontade - respondeu Agilulfo - e fé em nossa santa causa!"
Calvino, Italo. O cavaleiro inexistente.
Companhia das letras p. 10