quarta-feira, 24 de junho de 2009

Do porque das letras

"o deus Thot viajou a Tebas e ofereceu a Thamus, rei do Egito, a arte de escrever. Explicou aqueles hieróglifos, e disse que a escrita era o melhor remédio para curar a memória ruim e a pouca sabedoria.
O rei recusou o presente:
- Memória? Sabedoria? Esse invento produzirá o esquecimento. A sabedoria está na verdade, e não em sua aparência. Não se pode recordar com memória alheia. Os homens registrarão, mas não recordarão. Repetirão, mas não viverão. Serão informados, mas não saberão."

Eduardo Galeano
Espelhos
Uma história quase universal

terça-feira, 23 de junho de 2009

Do porques que não me pertencem, mas poderiam...

"Querer não faz nenhuma diferença. Você quer ser, mas isso não afeta em nada o que de fato você será ou é, como indivíduo. Querer eu queria, embora já tenha aprendido o bastante para não querer mais, e isso em nada afeta o que sou ou serei. Tanto você quanto eu somos obrigados a ser o que somos, no sentido mais profundo da expressão, e não podemos fazer nada quanto a isso."
João Ubaldo Ribeiro

Do Amoroso Esquecimento
Eu, agora - que desfecho!
Já nem penso mais em ti...
Mas será que nunca deixo
De lembrar que te esqueci?

Da experiência
A experiência de nada serve à gente.
É um médico tardio, distraído:
Põe-se a forjar receitas quando o doente
Já está perdido...

De como perdoar aos inimigos
Perdoas... És cristão...Bem o compreendo...
E é mais cômodo, em suma.Não desculpes, porém, coisa nenhuma,
Que eles bem sabem o que estão fazendo...

Da condição humana
Se variam na casca, idêntico é o miolo,
Julgem-se embora de diversa trama:
Ninguém mais se parece a um verdadeiro tolo
Que o mais sutil dos sábios quando ama.

Das Ilusões
Meu saco de ilusões, bem cheio tive-o.
Com ele ia subindo a ladeira da vida.
E, no entretanto, após cada ilusão perdida...
Que extraordinária sensação de alívio!

Mario Quintana

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Do não porque

Entrou no elevador.
A um canto, outra mulher segurava firme debaixo do braço uma enorme bolsa lilás.
- Que ousadia, uma bolsa lilás- sorriu ela.
- Acabei de dizer a um homem que o amo- respondeu a outra. - Então entrei numa loja e, entre todas, escolhi essa bolsa. Eu precisava sentir nas mãos a minha audácia.
Não sorriu. Agarrou-se náufraga na alça.

(Marina Colasanti)

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Do porque aprecio mudanças:


E viva a língua portuguesa!